Um pesquisador da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Cleonilson Protásio, criou uma “árvore inteligente” que é capaz de detectar incêndios florestais, por meio da medição de temperatura e da concentração do monóxido de carbono. O teste já foi feito no Centro de Tecnologia da UFPB e está sendo reproduzido nos Estados Unidos.
O pesquisador faz parte do Laboratório de Microengenharia da UFPB e o resultado do trabalho faz parte dos seus recentes estudos de pós-doutoramento na University of Washington Tacoma, nos Estados Unidos.
A chamada “Smart Tree” consiste no desenvolvimento de um nó sensor alimentado pelo tronco de árvores, por meio de energia térmica, a fim de monitorar variáveis físicas florestais, com o intuito de prever incêndios florestais. Segundo Protásio, o equipamento não usa baterias e, por isso, é ambientalmente seguro.
O professor explica que o sistema funciona como uma rede de árvores, passando o sinal de uma para outra, até chegar em uma central. Nesse local, o sinal pode ser emitido para qualquer lugar do mundo, inclusive o Corpo de Bombeiros.
A equipe coordenada pelo professor revela que também já é possível converter o gradiente térmico (diferença de temperatura interna e externa) do tronco de árvores em energia elétrica e, assim, poder alimentar os circuitos eletrônicos da Smart Tree.
Protásio conta que esta linha de pesquisa é denominada de Colheita de Energia e o Centro de Energia Alternativas e Renováveis (CEAR) da UFPB, do qual o laboratório faz parte, tem grande atuação nela. “Já foram desenvolvidos alguns sensores para medição do gradiente térmico de algumas árvores. É possível gerar energia elétrica até no período noturno, diferente do que ocorre com o uso de células solares”, explicou.
Também já foi construída uma rede de comunicação entre uma árvore e um laboratório, pela qual é possível observar, em tempo real, as temperaturas medição. Com o avanço das pesquisas, espera-se, agora, a implantação de um número de árvores inteligentes para formar uma rede, na qual cada uma delas possa capturar e transmitir, sem fio, os dados medidos através de outras árvores.
Como surgiu a ‘árvore inteligente’
O projeto da “Smart Tree” surgiu a partir da criação, pelo pesquisador, do conceito de “internet das coisas naturais”, em que “coisas naturais” poderiam se conectar à internet.
Segundo Protásio, a internet das coisa apresenta, como premissa básica, o fato de que qualquer objeto ou coisa do nosso dia-a-dia como uma lâmpada, refrigerador ou carro poderia gerar e enviar dados através da internet, sem nenhuma intervenção humana.
“Por exemplo, no ambiente doméstico, um refrigerador poderia obter automaticamente a quantidade ou a validade dos produtos e solicitar automaticamente a um supermercado o envio de novos produtos ou, em um ambiente industrial, um duto poderia avisar que sua pressão interna está fora do padrão normal”, explicou.
Com informações do G1