As manchas de óleo que afetam as praias do Nordeste desde o final de agosto trouxeram problemas para o turismo e para o meio ambiente. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o óleo já atingiu 150 localidades em 68 municípios de todos os 9 estados do Nordeste.
Até o último balanço, 12 unidades de conservação ambiental já haviam sido atingidas. Pelo menos 22 animais foram contaminados até quarta-feira (9), de acordo com o balanço do Ibama. Desses, 13 foram encontrados mortos ou morreram depois de capturados.
O ecossistema costeiro no Nordeste é considerado muito frágil por conter uma grande variedade de paisagens, com manguezais, enseadas rochosas e recifes de corais.
O turismo também já foi afetado. Comerciantes relatam queda de até 40% no movimento das praias desde o início da contaminação.
Fauna
As tartarugas marinhas são os animais mais vulneráveis às manchas de óleo. Dentre os 22 espécimes atingidos segundo o Ibama, 21 são tartarugas. Pelo menos três variedades já foram contaminadas: a tartaruga verde, a tartaruga oliva e a tartaruga cabeçuda.
Na segunda-feira (7) o Projeto Tamar suspendeu a soltura de filhotes de tartarugas na praia por conta da contaminação que atingiu os municípios de Conde e Jandaíra, no Litoral Norte da Bahia.
O Ibama, em conjunto com o Tamar, fez rondas noturnas na região para monitorar a desova das tartarugas. Os animais que estão oleados são limpos antes do retorno ao mar. Ali, pelo menos 79 filhotes foram remanejados e soltos pelo Projeto Tamar em praia limpa.
Turismo
Moradores que dependem do turismo já observam os efeitos das manchas de óleo no movimento de visitantes.
Na praia de Guarajuba, em Camaçari, região metropolitana de Salvador, grandes quantidades da crosta do óleo tomam conta da faixa de areia e o cheiro forte incomoda banhistas e atrapalha a venda dos barraqueiros. Em Itacimirim os barraqueiros se juntaram para retirar as manchas de óleo que apareceram na costa litorâneo e assim não afastar os turistas.
Em Fortaleza, o movimento caiu cerca de 40% no fim de semana, segundo a Associação dos Empresários da Praia do Futuro (AEPF). Na barraca Itaparika, um dos maiores empreendimentos da região, a queda na frequência de clientes chegou a 50%.
Pesca
Comunidades de pescadores temem que a contaminação por óleo chegue aos peixes e prejudique a economia local. Na Bahia, a praia de Arembepe foi atingida pelas manchas de óleos. Trabalhadores da região já deixam de pescar por conta da poluição da água.
“A gente não pode comer o peixe mais, porque a água está toda suja. Há 15 dias apareceu uma nata de óleo e agora apareceu esse betume. A gente nem arrisca entrar na água”, disse o pescador Antônio da Paz.
No mesmo estado, pescadores da praia de Poças aposentaram as redes quando grandes placas de óleo passaram a se acumular nas pedras e na areia.
“Não podemos pegar os peixes, eles estão contaminados e não podemos vender”, disse o pescador Maicon Nascimento.
(Com informações do G1).