Como esperado pelo mercado, e sugerido no último corte de juros no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deu prosseguimento ao ciclo de redução da meta para os juros básicos (Selic) nesta quarta-feira (30).

Os juros de referência no país perdem agora mais 0,5 ponto percentual, indo a 5% ao ano – renovando o seu menor piso histórico. A decisão dos diretores do BC foi unânime.

Além disso, o BC sinaliza que, em dezembro, a taxa Selic deve cair para 4,5% ao ano, dizendo que “a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir um ajuste adicional, de igual magnitude” – portanto, de mais 0,5 ponto.

No comunicado anterior, a frase era semelhante, mas mais genérica, e falava em “permitir ajuste adicional no grau de estímulo”, sem quantificar quantos cortes estavam por vir. Ao dizer, agora, que o cenário permite mais um ajuste, o sinal está dado para que, em dezembro, o ciclo de afrouxamento da política monetária chegue ao fim no Brasil.

Outro ponto do texto reforça que ainda há espaço para corte, mas que o próximo deve ser o último deste ciclo:

“O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo. O Comitê reitera que a comunicação dessa avaliação não restringe suas próximas decisões e enfatiza que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação.

A taxa de 5% ao ano passa a valer a partir desta quinta-feira (31) e fica vigente até, ao menos, 11 de dezembro.

A decisão bate com a aposta de 67 das 68 instituições financeiras consultadas pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor. Apenas o Itaú Asset Management esperava por um corte de 0,75 ponto na Selic.

Ainda que haja sinais de recuperação na economia brasileira – como o saldo líquido de mais de 761 mil vagas formais de emprego até setembro e o Risco-país do Brasil rondando as mínimas registradas em 2013 –, a inflação segue baixa, o que sugere a necessidade de estímulos via política de juros.

O BC persegue neste ano a meta de entregar a inflação em 4,25% ao ano, dentro de uma banda que flutua entre 2,75% e 5,25% ao ano. Medida pelo IPCA-15 de outubro, a inflação no Brasil em 12 meses está em 2,72% – ou seja, abaixo do piso.

O IPCA-15 usa a mesma metodologia do IPCA (apelidada de “inflação oficial”), mas mede o sobe e desce médio dos preços entre os dias 15 de um mês e outro, e não do primeiro ao último dia do mesmo mês.

A aprovação recente da reforma da Previdência também é um ponto favorável à continuidade do ciclo de cortes de juros. Antes de iniciar este processo de ajustes em curso, iniciado em 31 de julho, o BC condicionava a manutenção dos ajustes ao sucesso de reformas estruturais na economia em discussão no Congresso.

A taxa básica vem testando mínimas históricas desde o fim de 2017, quando chegou aos 7% ao ano. Até então, o menor patamar desde o início do regime de metas de inflação, adotado desde 1999, havia sido atingido entre outubro de 2012 e abril de 2013, quando a Selic ficou parada nos 7,25% ao ano.

Para que serve a Selic? – O objetivo da taxa Selic é controlar a inflação. Quando a alta média dos preços está além da desejada, a Selic é ajustada para cima. Isso encarece o custo de empréstimos e financiamentos, e pressiona o consumo e os preços para baixo.

E se a inflação está baixinha e a economia meio paradona, como agora? Aí o BC puxa a Selic para baixo, pressionando o consumo e os preços a subirem.

A Selic é chamada também de “taxa livre de risco”. Isso porque serve de referência como o piso aceitável de retorno para qualquer aplicação. Só é bom negócio investir em títulos públicos atrelados à Selic, o investimento mais seguro no mercado, se for para ganhar mais.

valor investe – foto: GettyImagen

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