O radialista Fabiano Gomes foi denunciado pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual da Paraíba por tentativa de extorsão contra o empresário Denylson Oliveira Machado, sócio-majoritário do Paraíba de Prêmios. Apesar do fato ter sido conhecido hoje, a denúncia já tem cerca de duas semanas e é decorrente da oitava fase da Operação Calvário, quando o comunicador foi preso e ficou no Presídio do Róger por 10 dias, cumprindo um mandado temporário autorizado pelo desembargador Ricardo Vital, relator da Operação Calvário no Tribunal de Justiça da Paraíba.

Pesam contra Fabiano acusações de que ele teria pressionado e ameaçado outros citados na Calvário. As investidas teriam sido feitas em busca de anúncios publicitários para veículos de comunicação de propriedade do radialista. Denylson teria considerado o valor exigido “exagerado”. Em troca do anúncio, Fabiano teria prometido “blindar” o empresário na Justiça e na imprensa quanto às denúncias envolvendo o nome dele na Operação Calvário.

Um dos diálogos se deu no dia 30 de dezembro de 2019 e consta na denúncia: “Nessa oportunidade, o indigitado denunciado renovou seus diálogos com o citado empresário, passando, em tom de ameaça, a ideia de que possuía ‘degravações’ prejudiciais a ele (DENYLSON), supostamente colhidas de um ‘ex-chefe de transportes do Governo do Estado’ e que esclareceria a sua sociedade oculta com Coriolano Coutinho (irmão do ex-governador Ricardo Coutinho). E mais: para dar fidedignidade às suas informações, e incrementar um sentimento de intranquilidade (sentido e revelado) na vítima, certamente causado pela iminência de uma medida de constrição em seu desfavor, chegou o réu a mencionar que havia recebido, levianamente, esse ‘elemento de prova’ do DPF Fabiano Emídio de Lucena Martins”.

Além de Denylson, o secretário de Comunicação da Paraíba, Nonato Bandeira e o antecessor, Luís Tôrres, prestaram depoimento e disseram que teriam recebido ameaças por parte do radialista.

Nonato compareceu no dia 10 de março e relatou que Fabiano dizia ter um dossiê contra ele, que teria sido feito a mando de Ricardo Coutinho. Disse, ainda, que o radialista usou em algumas oportunidades o nome do delegado Fabiano Emídio e do promotor de Justiça Octávio Paulo Neto, dizendo-se próximo de ambos e, com isso, insinuando que poderia proteger o depoente na Justiça.

Outro depoimento, prestado na Polícia Federal no dia 11 de março, foi do jornalista Luiz Torres. Na ocasião, ele disse que Fabiano Gomes passou a procurá-lo, noticiando que tinha dados relacionados com a sua gestão na Secretaria de Comunicação do Estado, que poderiam relacionar o depoente com a Operação Calvário. Segundo o relato de Fabiano, tais dados haviam sido obtidos em razão de sua suposta relação próxima com Octávio Paulo Neto, chefe do Gaeco e com Fabiano Emídio, delegado de Polícia Federal. Afirmou que se recorda, inclusive, de uma frase dita por Fabiano Gomes: “Você está se negando a falar comigo? Logo eu que fui escalado pelo chefe do Gaeco para negociar”.

O advogado de Fabiano Gomes, Gustavo Botto, disse ao ParlamentoPB que não teve acesso à denúncia e não recebeu intimação oficial por causa da mudança de funcionamento do judiciário paraibano por causa da pandemia de coronavírus.

Com Parlamento PB

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