Segmentos amargam adiamento do São João 2020 de Campina Grande — Foto: Emanuel Tadeu/Arquivo pessoal

Segmentos amargam adiamento do São João 2020 de Campina Grande — Foto: Emanuel Tadeu/Arquivo pessoal

Esta sexta-feira (5), dia em que teria início o São 2020 de Campina Grande, marcará, como é de costume, a vida de quem trabalha direta ou indiretamente com a festa. Neste ano, no entanto, a data que deveria ser sinônimo de felicidade proporcionada pela simbologia do evento cedeu espaço para sentimentos que revelam preocupação, incerteza e lamentação. O som de celebração feito pelos fogos de artíficio que marcam a abertura do festejo será substituído pelo silêncio da dúvida sobre o que está por vir.

Por causa da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, a edição deste ano dos festejos juninos da cidade foi adiada para o mês de outubro. A medida foi anunciada em março, pelo prefeito Romero Rodrigues (PSD), como ação preventiva ao aumento de casos confirmados e mortes provocadas pela infecção.

Para a data não passar em branco, a empresa organizadora do evento, vai realizar lives beneficentes para três os dias 23, 24 e 27 de junho. Pelo menos 17 artistas vão se apresentar nas transmissões, que já têm programação divulgada. Parte das doações arrecadas será destinada para barraqueiros.

Joseilda Santos é uma das comerciantes que amarga os prejuízos causados pela pandemia na cidade. Há 23 anos, ela vende drinks no Parque do Povo, local que sedia a festa. Conhecida pelo acolhimento caloroso e pela alegria, ela não escondeu a tristeza que sente em não poder trabalhar com o que ama.

“Ontem mesmo fui até o Parque do Povo e me acabei no choro. São João não é só trabalho, é diversão, é família. Não são clientes que eu ganho, são amigos que eu faço”, desabafou.

Franceiilda lamenta pela pandemia e tem esperança que a festa aconteça ainda em 2020 — Foto: Iara Alves/G1
Franceiilda lamenta pela pandemia e tem esperança que a festa aconteça ainda em 2020 — Foto: Iara Alves/G1

Como trabalha com eventos e também na área de alimentação durante o resto do ano, a renda da família foi comprometida, já que ela cumpre cuidadosamente as medidas de isolamento social recomendadas autoridades em saúde.

“Eu tenho muita fé, não é só expectativa. É o Natal para mim. O décimo terceiro [salário] décimo quarto, a gente vive da festa. Para a gente que não tem nada, é uma chance de se reerguer”.

Não é a primeira vez que ela passa por obstáculos durante o período junino. Em 2018 ela presenciou o incêndio que destruiu parte da estrutura da festa. Há dois, Fia, como é carinhosamente chamada, viu o perigo de perto, mas também enxergou o espaço para o recomeço como único cenário possível, assim como agora.

A comerciante se apega à fé para acreditar que o evento ainda será celebrado este ano.

“A gente não pode pensar só na gente, mas nas outras pessoas também. A gente vai se recuperar. O são João traz muitas coisas boas: estabilidade, é o que eu tenho, tudo para mim”, concluiu.

De acordo com o presidente da Associação dos Barraqueiros do Parque do Povo, Lucinei Cavalcanti, a categoria será uma das mais afetados com a não realização do São João em junho.

Segundo a associação, pelo menos 200 comércios fixos são instalados no Parque do Povo, entre quiosques, barracas e pavilhões e 50 ambulantes só na área de shows, além dos vários outros que ficam dentro da área.

“Nós, comerciantes, geramos emprego e renda para diversas categorias profissionais, entre garçons, atendentes, cozinheiros, auxiliares de cozinha, equipes de segurança e limpeza, e outras. Todos esses trabalhadores estão sendo diretamente atingidas”, explicou.

Ainda conforme Lucinei é necessário que as autoridades possam buscar formas de ajudar as pessoas afetadas. “Esperamos o ano todo pelo mês de junho”, prosseguiu.

O representante também fez uma cobrança à Medow Promo, empresa organizadora da festa, para que os valores que já foram pagos pelos comerciantes sejam devolvidos, mas que a garantia do direito do comércio no local seja mantida. Segundo ele, os pagamentos foram antecipados e a empresa realizadora informou que o dinheiro pode ser devolvido desde que os comerciantes assinem um terno de recebimento do valor, que não garante a participação deles na próxima edição.

Em nota, a Medow Promo disse que foi enviado um documento para a associação, informando sobre quais procedimentos devem ser feitos para devolução dos valores e disponibilizou contatos por e-mails e telefone para que os comerciantes que tenham interesse, façam a solicitação. O atendimento será remoto para evitar aglomerações de pessoas.

Com G1

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