Arquivo Pessoal/João Morais

Fragmentos de óleo de origem desconhecida voltaram a atingir praias de ao menos dois estados do Nordeste brasileiro nos últimos dias. Autoridades públicas acreditam que a substância é parte das milhares de toneladas de material poluente encontradas na costa nordestina e em parte do litoral do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, em 2019.

Nesta segunda-feira (22), a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas-PE) confirmou o ressurgimento de vestígios de petróleo em três praias de duas cidades do litoral sul pernambucano: Cupe (em Porto de Galinhas) e Muro Alto, em Ipojuca (PE); e Tamandaré, no município de mesmo nome.

Servidores da secretaria, da Agência Estadual de Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), da Capitania dos Portos e das prefeituras estiveram nos locais atingidos.

Embora amostras do óleo recolhidas nas praias ainda estejam sendo analisadas, parte do grupo acredita que o material é semelhante ao encontrado no ano passado. Para os técnicos da secretaria estadual, a substância estava em repouso no fundo do oceano e se soltou devido à ação das correntes marítimas combinadas a fatores meteorológicos.

Segundo o secretário estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti, apesar de menos frequentemente, fragmentos de óleo continuam chegando às praias em virtude de mudanças de marés. O material poluente começou a ser recolhido ontem mesmo e será posteriormente enviado a aterros industriais licenciados para fazer o descarte adequado.

Alagoas

Fragmentos de óleo também foram recolhidos em ao menos dois pontos do litoral alagoano na semana passada. Em nota, o Comando do 3º Distrito Naval da Marinha informou que, na última sexta-feira (19), membros da Equipe de Inspeção Naval recolheram “pequenos fragmentos” da substância na Praia da Lagoa do Pau, em Coruripe, e na Praia da Lagoa Azeda, em Jequiá da Praia.

Amostras do material recolhido foram envidadas para análise no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, mantido pela Marinha, em Arraial do Cabo (RJ), onde especialistas tentam identificar elementos que possam contribuir para identificar a origem do óleo que há quase um ano poluiu parte da costa brasileira.

Segundo a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), até novembro do ano passado, mais de 2.250 toneladas de resíduos contaminados já tinham sido recolhidos no litoral alagoano. A partir daí, as ocorrências foram se tornando menos frequentes e a responsabilidade pela situação ficou a cargo dos órgãos federais.

Até 20 de março, quando as ações emergenciais conduzidas pelo Ibama, pela Marinha e pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) foram desmobilizadas, o Ibama contabilizava 130 cidades de 11 estados afetadas por manchas e fragmentos de óleo. Toneladas de resíduos contaminados foram recolhidos de praias, manguezais, costões e outros habitats.

A origem da substância e as causas do desastre ambiental que, em agosto, completará um ano, continuam sob investigação da Marinha e da Polícia Federal (PF). Além disso, em novembro, a Câmara dos Deputados instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para acompanhar a questão. A última reunião do colegiado ocorreu em março.

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