A peregrinação muçulmana a Meca conhecida como Umrah, que havia sido suspensa em março devido ao coronavírus, será retomada gradualmente a partir de 4 de outubro, anunciou o Ministério do Interior da Arábia Saudita na terça-feira (22).
A Umrah é uma peregrinação que acontece durante qualquer momento do ano, diferentemente da Hajj, que é um feriado muçulmano. Milhões de pessoas são atraídas todos os anos à Arábia Saudita para o circuito.
Em uma primeira etapa, “6.000 cidadãos sauditas e residentes (estrangeiros) do reino poderão fazer a Umrah todos os dias, a partir de 4 de outubro”, informou o ministério em um comunicado divulgado pela agência de notícias oficial saudita SPA.
Os muçulmanos procedentes do exterior poderão começar a visitar Meca a partir de 1º de novembro, quando o número de peregrinos admitidos aumentará para 20 mil por dia.
A decisão de retomar a Umrah foi tomada em resposta aos apelos “dos muçulmanos do país e do exterior” para visitar os locais sagrados, afirmou o Ministério do Interior.
A medida afeta as cidades de Meca e Medina, os dois lugares mais sagrados do Islã.
A suspensão, uma medida sem sem precedentes, tinha como objetivo prevenir a propagação do coronavírus.
Modificações na Hajj
As autoridades também decidiram modificar o Hajj – a grande peregrinação a Meca -, que ocorreu este ano entre o final de julho e início de agosto.
Apenas de 10 mil fiéis, residentes na Arábia Saudita, puderam realizar a grande peregrinação, contra quase 2,5 milhões de participantes de todo o mundo em 2019.
Esforço duplo
Riad esperava receber 30 milhões de peregrinos todos os anos de agora até 2030.
As autoridades de saúde afirmaram que não foram registrados casos de coronavírus nos locais sagrados durante o Hajj, um dos cinco pilares do Islã.
Os peregrinos deram a volta na Kaaba – uma estrutura cúbica no interior da Grande Mesquita de Meca, em direção a qual muçulmanos de todo o mundo rezam – seguindo caminhos que preservavam a distância física. Suas temperaturas também foram medidas e eles foram solicitados a ficar em quarentena após o ritual.
O rei Salmán, de 84 anos, declarou que realizar o Hajj em meio a uma pandemia exigia “um esforço duplo” por parte das autoridades sauditas.
As peregrinações do Hajj e da Umrah apresentam um grande desafio logístico, com multidões aglomeradas em locais sagrados relativamente pequenos.
O reino tentou conter um pico de infecções em seu território, com mais de 330 mil casos, o maior número do Golfo, e mais de 4.500 mortes.
O turismo religioso, que movimenta US$ 12 bilhões a cada ano segundo os dados do governo, é fundamental para as finanças sauditas em um contexto de queda dos preços do petróleo, já que o país é o primeiro exportador do mundo.
A Arábia Saudita, que antes gastava sem parar graças à renda proporcionada pelo petróleo, agora se vê forçada ao que uma fonte próxima ao governo chama de “restrição orçamentária”.
Com France Press