Foto: Reprodução

O adolescente de 14 anos baleado nas duas pernas durante uma abordagem policial deve responder pelos crimes de resistência à prisão, desacato e lesão corporal, conforme o inquérito da Polícia Civil da Paraíba enviado à Justiça. A defesa do menor alega que a vítima está sendo tratada como criminoso.

O adolescente ficou nove dias internado no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, com ferimentos provocados por tiros nas duas pernas. Ele recebeu alta na última sexta-feira (30). O laudo com informações de quantos disparos foram realizados ainda não foi emitido, no entanto, a família alega que o jovem foi atingido seis vezes.

Pedido de apreensão 

No inquérito enviado à Justiça, as investigações afirmam que o menor desacatou, agrediu e xingou um dos policiais no quintal de uma residência. A polícia solicitou internação cautelar, que foi negada pelo juiz Hugo Gomes Zaher.

A defesa do adolescente acredita que existe uma inversão dos papéis de réu e acusado. “É lamentável que uma criança de 14 anos tenha sua vida e carreira em risco em virtude de uma abordagem policial truculenta e negligente. É inacreditável e inadmissível que além de todos os transtornos causados, o adolescente ainda tenha imputados sobre ele três crimes. É tratar a vítima como criminoso.”, disse o advogado Warlen Andrade André.

Portal T5 teve acesso ao texto do inquérito em que a polícia afirma que o adolescente derrubou o agente armado. Veja:

 — Na oportunidade, enquanto tentava forçar a rendição do adolescente, este, não obedecendo a ordem, se aproximou do policial e o desacatou proferindo as seguintes palavras “policial b*****”; “você não é homem para atirar” (sic). No mesmo momento, o adolescente entrou em luta corporal com o policial, desferindo socos em seu rosto e derrubando-o, causando-lhe lesões corporais, como consta no laudo juntado aos autos. Ante a ação do jovem, com o intuito de contê-lo, o policial desferiu tiros em suas pernas, oportunidade em que os demais policiais se aproximaram e apreenderam o adolescente.

No período de internação, o menor não foi ouvido pela Justiça. Uma audiência on-line está marcada para o dia 17 de novembro.

O juiz Hugo Gomes Zaher solicitou apuração quanto a responsabilidade do policiais na operação.

Relembre o caso 

No dia 21 de outubro, o adolescente foi atingido por tiros nas duas pernas por um policial civil durante um mandado de prisão.

Após o crime, em um vídeo, o delegado Kelsen Vasconcelos revelou que o adolescente foi abordado pelos policiais, mas mostrou resistência e tentou fugir. O delegado disse que faltou respeito à polícia. Em nota, o órgão ainda afirmou que houve “luta corporal com o agente de investigação” e que o adolescente tentou “tomar-lhe a arma e atentar contra a vida do policial”.

A família nega a versão da polícia. À época, em entrevista, parentes disseram acreditar que o jovem foi confundido. “Os policiais estavam sem identificação e foram prender um homem que trabalhava como borracheiro. Meu filho estava no local, se assuntou e correu“, disse José da Silva, pai do adolescente.

O alvo dos policiais era um foragido da polícia com quatro mandados em aberto de prisão. Ele foi detido sem qualquer uso da força pelos agentes.

Futuro jogador 

Marcos Antônio é aluno de uma escolinha de futebol e estava às vésperas de se apresentar em um clube do estado de Alagoas, o CSA. O teste do adolescente marcado, inicialmente, para janeiro de 2021 deve ser adiado para depois das sessões de fisioterapia.

Com Portal T5

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