A taxa de desmatamento divulgada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) é mais de três vezes superior à meta apresentada pelo Brasil à Convenção do Clima na conferência de 2009, em Copenhague, para 2020. Neste ano, foram 11 mil km² de área perdida na Amazônia – a ideia era chegar perto de 3 mil km².
O cálculo foi feito com base nas taxas apresentadas entre os anos de 1996 a 2005. A Política Nacional sobre Mudança do Clima leva em conta a média da perda de floresta nestes anos, que foi 19,5 mil km². Assim, o governo brasileiro, à época comandado por Luiz Inácio Lula da Silva, definiu como objetivo uma redução de 80%. A ideia era chegar a quase 3 mil km² em 2020.
A meta não foi atingida. De acordo com os números oficiais do governo federal, entre agosto de 2019 e julho de 2020, foram 11.088 km² perdidos de floresta – uma alta de 9,5% em relação ao mesmo período entre 2018 e 2019. O Pará concentra quase metade de todo o desmatamento da Amazônia na temporada.
“É um valor muito grande. Cerca de 180% maior do que o governo se comprometeu a apresentar como meta de redução para o desmatamento, como meta para contribuição para as mudanças do clima”, disse Antônio Oviedo, pesquisador do Instituto Socioambiental (ISA).
Desde a conferência, o mais perto que chegamos de atingir a meta foi em 2012, com 4,5 mil km². Desde então, a curva cresce (veja no gráfico acima). A taxa de desmatamento deste ano é a maior desde 2008. Questionado por jornalistas, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o assunto é tratado pelo Ministério do Meio Ambiente e respondeu citando uma outra proposta, a da redução das emissões de gases.
“A nossa meta no Acordo de Paris era que em 2025 nós teríamos uma redução de 37% das emissões de carbono comparadas com o ano de 2005, que é o ano base que todos os países se comprometeram. Eu acredito que essa meta será mantida. Então, talvez nós anunciaremos uma nova meta, já a meta de 2030. Isso está sendo estudado lá no Ministério do Meio Ambiente”, disse Mourão.
As emissões de gases causadores do aquecimento global do Brasil estão diretamente ligadas ao desmatamento. De acordo com o relatório apresentado no início de novembro pelo Observatório do Clima, em 2019 (dado mais recente), ocorreu uma alta de 9,6% – 44% dos gases ligados ao uso da terra, principalmente perda de floresta.
Com G1