
Um adolescente de 14 anos sofreu ataques racistas em um grupo de mensagens criado por alunos do Colégio Cristão Ver localizado no bairro Jardim Vitória, na Região Nordeste de Belo Horizonte/MG, onde a vítima estuda.
Os ataques racistas aconteceram na última quinta-feira (16). O pai da vítima, Alexandre Venâncio, registrou o boletim de ocorrência na tarde desta segunda-feira (20).
“Saudades de quando preto era escravo” foi uma das frases ditas pelos jovens em um grupo de WhatsApp, criado para debater as provas on-line do colégio.
No entanto, o que seria mais uma ferramenta de trabalho, virou uma “terra sem lei”, com xingamentos e ataques, depois que o adolescente decidiu sair do grupo.
“A diretora disse que repudia todo o tipo de preconceito e racismo. Eles me atenderam e fizeram a reunião. Se depender da família, meu filho continua na escola. Porém, ele está muito abalado com tudo isso e não sei se vai completar o nono ano na escola”, contou Alexandre.
“Meu filho já estava sendo ignorado, hostilizado pelos colegas. Foi só sair do grupo que os ataques aumentaram. Foi um baque pra mim, porque eles estudam juntos há sete anos”, afirmou o pai do jovem.
“Que bom que o neguin não tá. Já não aguentava mais preto naquele grupo”, disse uma das duas meninas que participaram dos ataques. “Coitado do neguin. Odeio ele, mas a gente tem que ser humilde”, afirmou outra menina .

Segundo Gilberto Silva, advogado da família do adolescente, os pais dos estudantes podem ser responsabilizados, uma vez que não há como imputar o crime aos menores.
“Os pais podem ser responsabilizados na esfera civil com questões reparatórios tendo em vista que eles respondem pelos atos dos seus filhos, que estão sob a tutela deles”, disse.
Ele ainda confirmou que iria acompanhar o pai da vítima até a delegacia para registrar ocorrência. “Quem vai definir se é crime de injúria racial ou racismo, que prevê até prisão, será a autoridade policial”, disse Gilberto Silva.
Após a conclusão do inquérito, o caso será encaminhado para o Ministério Público do Estado de Minas Gerais, que poderá ou não oferecer denúncia do caso.
Com G1