Foto: Dimitri Mota / Arquivo Pessoal

Dezoito de junho de 2021. O pequeno Mateus, um bebê de colo que ainda era amamentado pela mãe, chegava ao seu primeiro ano de vida. Mas não havia festas no apartamento onde o menino morava. Não havia comemorações ou expressões alegres. Ao contrário, a tensão era crescente, somada a uma sensação de medo, sufocamento e incertezas. Naquele mesmo dia chegava a notícia do Hospital da Unimed, em João Pessoa, de que o pai do menino estava sendo intubado por causa de complicações da Covid-19.

Essa é a história de Dimitri Mota, 40 anos, natural de João Pessoa, que sobreviveu à doença depois de ser desenganado duas vezes pela equipe multidisciplinar que o acompanhava. É a história também da esposa dele, Ana Carolina Loureiro Gama, de 37 anos, mais conhecida por Carol. Da filha Letícia, de seis anos, do filho Mateus, o bebê que aniversariava pela primeira vez naquele dia difícil. De todos mais, amigos e familiares, que acompanharam de perto ou à distância aqueles dias de terror. Neste fim de ano de confraternizações, apenas alívio, festa e muita alegria por toda a família estar reunida. Mas, em algum momento de 2021, esse encontro parecia impossível.

Dimitri contraiu Covid-19 nos primeiros dias de junho. Ele não sabe ao certo em que momento isso aconteceu. Nem quer buscar “culpados”. O que sabe mesmo é que os primeiros sintomas se manifestaram no dia 10 de junho, justo na semana em que a Prefeitura da capital paraibana abriria a vacinação para a sua faixa etária. Se a vacinação tivesse se iniciado no país um pouco antes, o caso dele poderia ter sido bem menos grave.

O caso evoluiu rápido. No dia seguinte, fez exames e confirmou o diagnóstico de Covid-19. Mais alguns dias isolados, e Dimitri, aconselhado pela esposa, resolveu procurar um médico. Fez exames e descobriu que já estava com 40% de seu pulmão comprometido. Foi internado no hospital no dia 14 e colocado numa enfermaria Covid, mas três depois estava sendo transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Um dia mais, e foi intubado.

O quadro clínico de Dimitri piorou com velocidade. Ainda na enfermaria, ele começou a ter dificuldades de se manter consciente.

“A falta de ar deixa você meio mole, meio desnorteado. Então eu só lembro de alguns flashes. Em alguns momentos, é como se eu não conseguisse encaixar o quebra-cabeça de memórias”, explica Dimitri.

“O médico me procurou e disse que a medicina já tinha feito tudo o que podia. Que se Dimitri amanhecesse vivo no dia seguinte, a gente poderia renovar as esperanças”, recorda Carol, sua esposa.

Dimitri, ao todo, passou 31 dias internado no hospital, 17 deles dentro de uma UTI e 13 dias intubado. Depois de quase morrer por duas vezes, de ter ficado parcialmente cego logo após sair da intubação e de todos os delírios que sofreu, saiu do hospital caminhando, absolutamente sem nenhuma sequela, com a visão totalmente recuperada.

Foi para casa. Ao chegar em seu apartamento, foi ele quem abriu a porta. A esposa Carol e os dois filhos o agradavam lá. Quando escancarou a porta de entrada, a reação foi imediata. Letícia, de seis anos, deu uma corrida rápida e pulou em direção do pai, que não via há mais de um mês. E o pai, pouco tempo depois de tudo o que sofreu, teve forças suficientes para segurá-la e colocá-la no colo.

“Mãe, que felicidade! Meu pai está em casa! Ele é a luz da minha vida!”, disparou a menina, em êxtase.

Carol destaca que não se trata de uma história triste. “É uma história feliz. Porque terminou bem”, filosofa. E o abraço entre pai e filha era a representação daquele pensamento. “Dimitri é um paizão”, resume a esposa.

“Foi uma enxurrada de mensagens. Pessoas que não via há anos e que me mandaram mensagens. É bom demais saber que tem muita gente que gosta de você”, finaliza Dimitri.

Com G1 Paraíba

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