O fórum nacional de governadores avalia a possibilidade de flexibilizar o uso de máscaras no país a partir de março. O grupo pediu uma análise técnica ao comitê científico que o assessora o grupo e esperam uma posição até o próximo dia 15 de março, data da reunião convocada para discutir um cronograma de transição de medidas restritivas relacionadas à covid-19. Entre os pontos de discussão estão a liberação do uso de máscaras, liberação de lotação máxima em locais e passaporte da vacina.
Apesar da taxa de transmissibilidade do novo coronavírus está em 0,9, segundo projeções da USP e Unesp da última semana. Já o Imperial College de Londres estimou em 0,97. Na prática, o índice significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem o vírus para outras 97 – um sinal de um decrescimento da circulação. Vale lembrar que no final de janeiro essa taxa era de 1,78.
Mesmo os dados demonstrando pandemia está perdendo fôlego, a Sociedade Brasileira de Infectologia vê com preocupação todo esse otimismo. Para o presidente da Sociedade, o médico Alberto Chebabo, é necessário observar o cenário pós-carnaval antes de adotar-se qualquer nova regra.
Carnaval é período crítico
Mesmo sem festas de rua, muitos vão viajar, existem os eventos privados e haverá alguma aglomeração. O que pode fazer os números voltarem a crescer nas próximas semanas.
Quando a gente avalia 2020 e 2021, as duas piores expansões do vírus aconteceram justamente nos meses de março, abril e maio.
Com o avanço da vacinação ao redor do mundo e o aumento do número de pessoas que tiveram infecções por covid-19, governantes de ao menos 20 países anunciaram a flexibilização das medidas restritivas de combate à pandemia.
E algumas delas, inclusive, passaram a considerar o coronavírus como um “vírus endêmico”. Ou seja, a considerar uma doença “comum”. Para que isso ocorra, segundo a OMS, é necessário que o número de mortes permaneça baixo por pelo menos 60 dias. Aqui no Brasil ele vem caindo, mas está próximo a 800 diariamente.
Covid Mundo à fora
Nas últimas semanas, os países França, Espanha, Dinamarca e Reino Unido anunciaram que a covid-19 passar a ser tratada como uma endemia. Por lá, já se discute a decretação do fim da pandemia.
No Reino Unido, as restrições acabaram nessa quinta-feira (dia 24) . O governo não exige mais o uso de máscara, não é necessário apresentar o passaporte vacinal e o a partir de 01 de abril, o governo não irá mais fornecer testes para covid-19 gratuitamente.
Na França, desde quarta-feira (dia 23), o uso de máscara deixou de ser obrigatório em lugares públicos. A Espanha também liberou o uso de máscaras em lugares públicos
Já os nossos vizinhos Colômbia e Equador também anunciaram que irão diminuir as restrições a partir de março.
No Brasil, o governo de São Paulo tem data marcada para o fim do uso de máscaras, 31 de março. No entanto, dentro do próprio governo, eles admitem que o período ideal para definir a data de liberação é depois de passado o carnaval. Eles irão verificar que as medidas podem ser suspensas imediatamente ou se ainda há um prazo de segurança a ser dado.
Liberar ou não o uso de máscara?
Esse é o grande questionamento de todos durante a pandemia. Os governos federal, estaduais e municipais tem dialogado no sentido de estabelecer regras que observem a situação epidemiológica de cada local.
O item de segurança que é considerado fundamental no controle da doença, e geralmente é o último passo para uma volta à normalidade.
Estados Unidos e alguns países europeus já tiveram essa experiência no ano passado, de suspender o uso de máscara e precisaram voltar com a exigir o acessório quando a ômicron fez os casos chegarem a patamares nunca atingidos.
Janela de oportunidades
Semana passada eu falava da janela de oportunidade que estamos vivendo. Vacinas, imunidade adquirida e perda da força da ômicron são prenúncios de um fim da pandemia. E aí, liberar ou não o uso de máscara?
Infelizmente, algumas coisas ainda me preocupam. Apesar de termos atingindo mais de 80% da população adulta com duas doses, 66% das cidades brasileiras observam um queda na taxa de vacinação de crianças nas últimas semanas.
Vacinar com mais agilidade a população é essencial nesse momento. E a dose de reforço é fundamental para os maiores de 18 anos.
Até o momento, a dose de reforço só foi aplicada em 37,53% da população na faixa etária indicada.
Outra coisa fundamental é ampliar o percentual de crianças vacinadas, isso para evitar que outras variantes possam surgir entre esse público.
O que dizem os estudos?
Os estudos científicos nos atestam que mesmo contraindo a doença, o vírus sofre menos mutações em pessoas vacinas, tem menor capacidade de se modificar e gerar outras variantes e que ainda a doença em quem tem vacinação completa, é mais curta.
Qualquer mudança agora necessita de cautela. Estamos caminhando a passos largos para o fim da pandemia. Mas falar em fim do caos com 800 mortes por dia pode ser precipitado.
Fonte: Jornal da Paraíba
Foto: Reprodução