
O silicone, ainda visto como sonho por muitas pessoas, virou um incômodo para a professora Larissa de Almeida e a jornalista Poliana Costa, no Ceará. Elas utilizaram próteses nos seios por sete e dez anos, respectivamente, e optaram pelo explante, ou seja, a retirada do material por motivos que perpassam pelo amadurecimento, a insatisfação com o próprio corpo ou até o aparecimento de sintomas.
“Quando eu coloquei, eu não encontrei nenhum relato ou algo do tipo das consequências que são tradicionalmente conhecidas. Então, a partir do momento que eu coloquei, eu já comecei a sentir alguns sintomas relacionados ao silicone. O primeiro foi falta de ar, porque o silicone pesava na minha caixa torácica, então eu fui tendo diminuição da capacidade respiratória”, declara Larissa, que tem 38 anos.
“Eu coloquei silicone quando eu tinha cerca de 29 anos, então eu não coloquei de maneira impensada, inconsequente. Eu pesquisei bastante, tirei dúvidas com o médico”, garante a professora. Ela disse que, em quase sete anos de prótese, desenvolveu mais de 20 sintomas; e todos eles cessaram quando ela fez o explante. Por isso, acredita que desenvolveu a doença do silicone.
Ela tirou as próteses em fevereiro de 2019, e diz que demorou entre três e seis meses para parar de sentir os sintomas desenvolvidos enquanto tinha silicone.
O cirurgião plástico Fernando Amato explica que muitas mulheres optam pelo explante por motivos mais subjetivos, mas há algumas em que os impactos físicos mais objetivos pesam na hora de optar pela remoção do implante.
“São complicações que até o tempo pode causar; o implante pode se romper; a prótese, quando recolocada, o corpo tem uma reação àquele material, forma uma cápsula, que pode endurecer, deformar a mama e até causar dor. Tem outras pacientes que têm outras complicações, como o seroma, que é o acúmulo de líquido ao redor da prótese”, detalha o médico.
- Doença do Silicone: é um termo genérico, que pode englobar todas as complicações relacionadas ao implante. Porém, muitos a associam apenas com toxicidade causada pela presença do silicone, que pode até ocorrer extravasamento do implante sem ele estar rompido;
- Síndrome ASIA: sigla em inglês (Autoimmune Syndrome Induced by Adjuvants) — Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvante, em português, onde o implante de silicone atua como gatilho para desenvolver sintomas semelhantes aos das doenças reumatológicas e autoimunes como dor nas articulações do corpo, cansaço, distúrbios do sono, perda de cabelo, olho e boca secos.
Os relatos de pacientes que Larissa não teve acesso antes de colocar silicone foram fundamentais antes dela decidir retirá-los. Ao buscar mais informações sobre o explante, a professora encontrou comunidades em redes sociais de outras mulheres vivendo situações parecidas.
Por isto, Larissa decidiu iniciar um perfil no Instagram com informações sobre o procedimento — inclusive quando criou a página, ela não tinha realizado o explante ainda. Atualmente, a conta tem mais de 180 mil seguidores.