Dados divulgados nesta quinta-feira (21) revelam que, aproximadamente, 550 paraibanos foram resgatados de condições análogas à escravidão entre 2003 e 2021, em vários estados do Brasil. Os dados são do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e do Tráfico de Pessoas e foram divulgados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) em parceira com vários órgãos.
Este ano, vários paraibanos já foram resgatados de condições análogas à escravidão. Um dos resgates aconteceu em abril, em uma plantação de maçã, no Estado de Santa Catarina. Entre os resgatados, estavam quatros paraibanos, sendo três de São José de Piranhas e um de Monte Horebe.
Para prevenir e combater esse problema, o Ministério Público do Trabalho na Paraíba (MPT-PB) lançará nesta sexta-feira (22), às 9h30, no auditório da Procuradoria do Trabalho no município de Campina Grande, os projetos “Liberdade no Ar” e “Educar para não Resgatar”. Este último será realizado em parceria com a Secretaria de Educação de Campina Grande.
Em 2022, já foram resgatadas 841 pessoas em condições de trabalho escravo no Brasil. Foram mais de 58 mil casos de trabalhadores resgatados de 1995 até o primeiro semestre de 2022.
A procuradora do Trabalho, Marcela Asfóra, informou que o número anual de resgates de trabalhadores em condições análogas à escravidão estava diminuindo desde 2007, quando houve um pico, porém um crescimento no total de resgatados voltou a ser observado desde 2018.
“A Paraíba é um Estado onde há recrutamento, ou seja, os paraibanos recebem propostas fraudulentas de trabalho e se deslocam a outro Estado. O discurso é de que o trabalho a ser realizado é bastante vantajoso com os direitos trabalhistas garantidos. Ao chegar ao local, os trabalhadores descobrem que terão que pagar pelo transporte de ida, alimentação, alojamento, produtos de higiene, equipamentos para realizar o trabalho e equipamentos de proteção individual”, explicou a vice-procuradora-chefe do MPT-PB, Marcela Asfóra, que está coordenando os projetos na Paraíba.
”Outra situação que configura o trabalho escravo e é bastante observado nas operações é o trabalho realizado em condições degradantes. Verificam-se pessoas em alojamentos extremamente precários, muitas vezes com animais peçonhentos, sem nenhuma qualidade de vida”, acrescentou a procuradora.
Perfil das vítimas
”Os dados apontam que os trabalhadores resgatados geralmente possuem baixa escolaridade, onde 62% não concluíram sequer o 5º ano do ensino fundamental. Desse total, 26% são analfabetos e muitos foram, também, vítimas do trabalho infantil”, informou a procuradora Marcela Asfóra.
Fonte: MPT-PB
Foto: MPT