O pai da cadeirante que morreu durante o ataque a tiros em colégio municipal de Barreiras/BA, nesta segunda-feira (26), se emocionou ao falar da filha. Em entrevista, José Ferreira disse que, se pudesse, teria ficado na frente dos disparos para salvar a filha Geane da Silva Brito, que tinha 19 anos e estudava na instituição.
“O sentimento não é de culpado, porque um pai não se sente culpado em um momento desse. Se eu tivesse na hora, eu me atravessava na frente da bala para salvar minha filha. Eu peço desculpa a vocês, porque é triste, um pai está na frente de uma situação dessa, é dolorido”, disse José Ferreira.
Segundo o pai de Geane, a jovem fazia tratamento em um hospital da Rede Sarah, em Brasília. Ele também detalhou que ela tinha feito quatro procedimentos cirúrgicos, em fevereiro deste ano, e tinha previsão de passar por mais um, no início de 2023.
“Uma boa menina, ela é especial. No mês de fevereiro, ela fez quatro operações. No mês de fevereiro [de 2023], ia fazer mais outras, e aconteceu um caso desse, triste para um pai de família”, contou.
Segundo o delegado Rivaldo Luz, coordenador de Polícia Civil da região, um adolescente de 14 anos, que também estudava na escola, invadiu o local, por volta das 7h, com um revólver calibre 38, duas armas brancas e, aparentemente, uma bomba caseira. Não há informações sobre a motivação do crime.
De acordo com o Comando da Polícia Militar, o atirador chegou à escola disparando, no momento em que os estudantes aguardavam o horário das aulas para entrar nas salas. O porteiro, que não estava armado, correu com os alunos para tentar se proteger.
Segundo as investigações, o autor do crime atirou diversas vezes contra a cadeirante. Quando as munições do revólver acabaram, ele usou o facão para esfaqueá-la.
Depois, o atirador foi baleado por uma pessoa que passava pelo local. Ele foi socorrido e levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Geral do Oeste. De acordo com informações preliminares, o adolescente foi atingido em um dos ombros, no abdômen e em uma das pernas.
O Samu informou que, quando o atirador foi socorrido, não respondia aos comandos da equipe médica, mas a saturação estava boa. O adolescente deu entrada na unidade médica por volta das 8h10 e foi para o centro cirúrgico. Não há detalhes sobre o estado de saúde dele.
A identidade da pessoa que atirou contra o adolescente não foi divulgada.
O pai do atirador, que é policial, foi chamado para prestar depoimento na delegacia da cidade. Ele disse que o revólver dele ficava escondido em casa e que acreditava que o filho não sabia em qual local ficava a arma.