De acordo com relatório publicado pela revista Nature quase 15 milhões de pessoas morreram vítiumas da covid-19 em 2020 e 2021. O número é quase três vezes mais do que o relatado anteriormente. Segundo os pesquisadores, foram 4,5 milhões de mortes a mais do que o esperado em 2020 e 10,4 milhões a mais em 2021.
Como medida de comparação, as doenças cardíacas foram a principal causa mundial de morte em 2019, com quase 9 milhões de mortes.
Índia, Rússia, Indonésia, Estados Unidos, Brasil e México sofreram as mortes mais estimadas devido ao Covid-19 em 2020 e 2021, de acordo com a nova análise. Somente a Índia foi responsável por 4,7 milhões de mortes durante o período de dois anos, tornando-se de longe o país mais atingido durante a pandemia, disseram os pesquisadores.
Mais de um terço de todas as mortes relacionadas ao COVID ocorreram no Sudeste Asiático, com quase 6 milhões de mortes em excesso.
“Houve um surto devastador em 2021 na Índia e, portanto, houve um grande número de mortes em excesso. Nunca saberemos quantas pessoas morreram na pandemia em muitos países, porque os dados nunca chegarão”, afirmou o pesquisador sênior Jonathan Wakefield, professor de bioestatística da Universidade de Washington, em Seattle.
A Rússia teve quase 1,1 milhão de mortes em excesso em 2020 e 2021, seguida pela Indonésia (1 milhão) e Estados Unidos (932.000). Em seguida vem as Américas e regiões europeias cada uma com cerca de 3,2 milhões de mortes em excesso, segundo o relatório.
Ao todo, quatro em cada cinco mortes por Covid-19 em excesso durante esses dois anos ocorreram no Sudeste Asiático, nas Américas ou na Europa, mostraram os resultados.
“Acho que todas as pessoas com conhecimento concordam que os números relatados são muito inferiores aos números reais. É absolutamente correto que haja muitas mortes subnotificadas devido ao Covid. As pessoas morreram sem ter um diagnóstico definitivo de Covid, mesmo que houvesse suspeita”, disse Aaron Glatt, presidente de doenças infecciosas do Mount Sinai South Nassau em Nova York.
Para criar uma estimativa mais detalhada do número de vítimas da pandemia, os pesquisadores examinaram o excesso de mortalidade global causado pela pandemia de Covid-19. A equipe criou um modelo de computador complexo para calcular o número de mortes que seriam esperadas se a pandemia não tivesse ocorrido, bem como um relato mais preciso das mortes relacionadas à doença.
As análises concluíram que a covid-19 matou mais de 14,8 milhões de pessoas em nível global entre os dois piores anos da pandemia. Anteriormente, havia sido relatado a morte de ao menos 5,4 milhões de pessoas. Os pesquisadores estimaram que 0,06% a mais de mortes do que o esperado ocorreu em 2020, e essa taxa mais que dobrou para 0,13% em 2021.
“Essas taxas superam as taxas de mortalidade excessiva documentadas das pandemias de influenza de 1957, 1968 e 2009 (estimadas em 0,04%, 0,03% e 0,005%, respectivamente)”, observaram os autores do estudo.
Segundo os pesquisadores, o Peru foi o país que mais errou no rastreamento de vítimas. Estima-se que a região tenha sofrido o dobro de mortes relacionadas ao Covid do que o relatado.
O Equador e a Bolívia vêm em seguida, com cerca de 50% a mais de mortes em excesso do que o inicialmente relatado.
“Essas estimativas mostram que as nações ao redor do mundo precisam fazer um trabalho melhor no rastreamento das causas de morte, principalmente em uma pandemia. Até sabermos o tamanho do problema com mais precisão, não seremos capazes de lidar com ele da maneira que deveríamos”, disse Wakefield.
Com O Globo