O ex-presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Roberto Olinto disse defender a realização de uma ampla auditoria no Censo 2022. Segundo ele, a publicação de dados preliminares expõe a “tragédia absoluta” que se abateu sobre o questionário.
“Eu sinto vergonha disso. O Censo é para ser levantado em 2 meses, e nós estamos no meio de janeiro e não terminou”, disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo publicada nesta 3ª feira (24.jan.2023).A coleta de dados para o Censo começou em agosto de 2022.
“Tem só metade dos recenseadores. O IBGE pedindo para a prefeitura do Rio de Janeiro botar agente municipal de saúde para coletar Censo. O cara não foi treinado, ele não sabe o que está fazendo. Tragédia absoluta”, declarou Olinto. “Saem os resultados preliminares. Coisas absolutamente inexplicáveis.” O ex-presidente do IBGE explicou que foram imputados dados para quase 20% da população, quando o usual é para 2%. “Imputar dado é você dizer: eu não tenho dados para 20% da população e vou usar um processo que normalmente se usa para 2%”, disse.
“Nenhum Censo cobre 100% da população, mas você tem uma alta cobertura. E tem problemas em algumas variáveis. Renda, população, idade. Não é uma coisa do tipo ‘eu não tenho informação de metade do município’. E o que estão fazendo? Estão imputando questionários inteiros”, criticou. Ele defendeu uma auditoria para averiguar falhas no processo. “Para ter o Censo confiável, tem que auditar. É tanto problema pregresso que tem que parar, respirar e dizer o seguinte: vamos avaliar”, acrescentou.
Olinto presidiu o IBGE de 2017 a 2019. Disse que sua sucessora, Susana Cordeiro Guerra “começou, de forma extremamente prepotente, a mexer em todo o projeto”. Guerra assumiu o IBGE em fevereiro de 2019. Pediu demissão em 26 de março de 2021 alegando motivos pessoais e de família.