Aconteceu ontem (8), um dos maiores festivais de cultura e tradição do Nordeste, o Concurso de Quadrilhas Juninas do Agreste da Paraíba, promovido pela Associação de Quadrilhas Juninas de Campina Grande (ASQUAJU), com apoio da Prefeitura de Campina Grande e da Arte Produções, responsável pela organização do Maior São João do Mundo. Quem abrigou o espetáculo de brilho, cores, coreografia e dedicação foi o Parque do Povo, o Quartel General do Forró e o berço do Maior São João do Mundo.

As quadrilhas se apresentaram por ordem predefinidas, mas parecia que, para além das coreografias que ensaiaram meses antes da apresentação de forma individual, elas sinergicamente se combinaram em seus temas.

O público foi o mais diverso. Pessoas acompanhadas de seus familiares, pessoas que estavam ali pela primeira vez e pessoas que entendem o Concurso de Quadrilhas Juninas de Campina Grande como uma tradição.

Berla Gomes, 47 anos, moradora do bairro Acácio Figueiredo, informou que dançar quadrilha junina na família dela já é tradição. Ela dançou quadrilha quando adolescente, o que fez a filha dela gostar de dançar quadrilha também.

“São João pra mim é isso, é a Pirâmide do Parque do Povo. É quadrilha junina, eu venho pra cá só pra assistir”, disse encantada.

Já Mauro Araújo, 60 anos, morador do bairro São José, informou que tem quarenta anos de São João. Ele disse que quando o Parque do Povo foi aberto, ele dançava nos ‘Tropeiros da Borborema’. Quando questionado se quarenta anos depois do início da festividade ele ainda se sentia acolhido na Pirâmide do Parque do Povo, ele informou que sim e que a festa é maravilhosa.

“Eu tenho 40 anos de São João e prestigiei todos os São Joões”, acrescentou.

Foi um público que reforça o potencial do Parque do Povo. Reafirma a carga cultural do espaço e dialoga diretamente com o perfil tradicional que o Maior São João do Mundo tem.

Então, o cerimonialista anunciou a entrada da primeira quadrilha no ‘Arraiá’ e o biombo se abriu para um dos espetáculos mais aguardados do evento, que foi prestigiado pelo prefeito Bruno Cunha, pela primeira-dama, Juliana Figueiredo Cunha Lima e pelas secretarias de Cultura e Desenvolvimento Econômico, Giseli Sampaio e Laryssa Almeida, respectivamente.

As apresentações

A primeira quadrilha a se apresentar foi a ‘Arraiá do 40’. Em seu segundo ano, ela apresentou, com oito pares, um show de cultura e tradição. Com uma levada das quadrilhas mais tradicionais e com passos marcados, foi a abertura perfeita para o evento que marca os 40 anos do Maior São João do mundo.

Segundo Rodrigo Vanderlei, o idealizador da junina, eles não foram competir, pois a quadrilha é o resultado de um projeto social criado para jovens de 12 a 17 anos. “Nós queríamos mostrar que para além do brilhantismo das quadrilhas estilizadas, ainda existe a beleza da quadrilha raiz”, afirmou.

Já a segunda quadrilha, chamada de ‘Escurrega Mai Num Cai’, fez uma viagem no mundo dos sonhos, com o tema “Alice o Sonho Encantando o São João”. Um espetáculo de regionalidade e com uma organização familiar. Foi notório os parentes dos participantes que assistiam, com brilho nos olhos, os seus familiares dançando. O público geral também ficou encantado.

A terceira quadrilha, a ‘Junina Moleka 100 Vergonha’, foi literalmente “De Tirar o Chapéu”. O grupo, do bairro das Malvinas, que já chegou a se apresentar no cenário nacional pela Rede Globo e tem 20 anos de história, deu um show de cenografia, coreografia e efeitos visuais. Segundo Mahatma Gandhi, presidente da quadrilha, a intenção do tema foi mudar a visão sobre os chapéus que, por muitas vezes, teve o seu uso estético marginalizado.

O grupo levou para o centro da Pirâmide elementos cenográficos referentes ao Nordeste, como o próprio chapéu de palha, e surpreendeu o público ao exibir uma carcaça de boi que durante o espetáculo se transformou em um altar. Uma réplica do 14 bis também compôs a cenografia.

A quarta quadrilha foi a ‘Flor de lampião’, com o tema “Em Matéria de São João Minha terra Tem História”. O grupo fez um passeio sobre os principais pontos culturais de Campina Grande. Com trocas de roupa e coreografias acentuadas, a apresentação foi uma aula de história sobre o município.

Já a quinta quadrilha, ‘Cestinha de flor’, falou sobre um tema emocional e que nos faz refletir “O Peso da Traição”. A junina encerrou o primeiro dia de concurso com maestria e mostrou um show de beleza e tradição.

Segunda etapa

Mais um grupo de quadrilhas se apresentam na Pirâmide do Parque do povo, na noite desta sexta-feira (9), às 20h. As participantes também estarão no Concurso de Quadrilhas Juninas do Agreste da Paraíba.

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