O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano (Sedh), realizou, ao longo desta semana, o Ciclo II do Monitoramento do Programa Paraíba que Acolhe. A atividade consiste em visitas aos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e às famílias beneficiárias, com crianças e adolescentes em situação de orfandade ocasionada pela pandemia da Covid-19, que recebem mensalmente um subsídio financeiro do Governo da Paraíba no valor de R$ 534,32. 

O monitoramento é uma ação prevista no Plano de Trabalho e Planejamento da Coordenação Estadual do Programa Paraíba que Acolhe, e visa prestar apoio e assessoramento às equipes técnicas dos municípios onde existe a incidência de órfãos da pandemia, bem como acompanhamento dessas famílias beneficiárias do Programa, colhendo informações sobre as condições de vida das crianças e adolescentes órfãos, os impactos sociais e econômicos que se encontram. O trabalho é realizado pelas equipes do Cras, além de assistente social e advogada que atuam nesta coordenação. Os municípios elegíveis para este ciclo foram Santo André, Serra Branca, no Cariri; e Desterro e Patos, no Sertão do Estado.

“A maior riqueza dessa fase do monitoramento, que terá continuidade no primeiro semestre de 2024, é da equipe estar mais próxima dessas famílias, fazer um retrato da condição de orfandade pela Covid-19 no Estado da Paraíba. Nosso objetivo foi aferir quais os impactos reais que o Programa Paraíba que Acolhe vem trazendo para essas crianças, adolescentes e suas famílias extensas, que foi quem assumiu os cuidados com elas com o falecimento de seus genitores. Além disso, a partir de um olhar multiprofissional, podemos entender quais as principais demandas sociais, jurídicas e psicológicas em que se encontram essas famílias, bem como traçar estratégias de ação, visando um acolhimento que não se resuma à transferência da renda, mas que assuma um papel orientador para que elas tenham mais acessos através de nossa intervenção”, explica Jéssica Juliana, assistente social e coordenadora do Paraíba que Acolhe. 

Para Katia Araújo, advogada do Programa, o monitoramento, dentro da seara jurídica, observou nesse processo algo já visualizado pela equipe na análise dos documentos das famílias beneficiárias, e que agora se confirmam diante dessa intervenção mais direta. “Nesse sentido, o papel dos Cras vem sendo importantíssimo quanto às orientações, para regularizar a responsabilidade civil em favor da criança ou adolescente em situação de orfandade. Interessante também foi observar que a maioria desses casos são protagonizados por mulheres, que muitas das vezes se trata da avó materna ou paterna, que assumiram esses cuidados”, relata.

Talyta França, psicóloga do Paraíba que Acolhe, comenta que, no âmbito psicológico, a perda dos genitores, sobretudo de maneira súbita como acontecida no período da pandemia, podem resultar em um processo de luto complexo, envolvendo choque, negação, raiva e tristeza. O trauma associado à morte dos genitores pode deixar cicatrizes emocionais duradouras causando impactos psicológicos significativos. E ainda podem gerar sentimentos de isolamento e incerteza, demandando apoio psicológico e social para lidar com essas dificuldades emocionais. Ela avalia oportuno compreender “as situações socioemocionais que essas crianças e adolescentes estão inseridos, traçando planos estratégicos: escuta especializada, observação direta e indireta, fortalecimento das funções emocionais visando sempre o bem-estar desses jovens e promovendo a redução de danos que o processo de luto os causou”.

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