
Em entrevista ao Blog do Márcio Rangel, o delegado Ramirez São Pedro, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Campina Grande, revelou detalhes inéditos e chocantes sobre o atentado ocorrido na UEPB, que terminou com a morte do comerciante Keine Diniz dos Santos e deixou pelo menos duas pessoas feridas.
Segundo a autoridade, o autor do crime, Flávio Medeiros, 47 anos (foto), planejou o assassinato com meses de antecedência. Ele comprou legalmente a arma utilizada no crime ainda em janeiro deste ano, uma pistola e se filiou a um clube de tiros, onde passou a treinar. A arma estava regularizada.
O empresário, que era evangélico e frequentador de uma igreja, não aceitava o fim do relacionamento com a ex-esposa, com quem viveu por 24 anos e teve dois filhos. O casal estava divorciado desde maio de 2024, mas, segundo relatos apurados pela polícia, ele fazia ameaças constantes, embora nenhum boletim de ocorrência tenha sido registrado.
Após executar o crime na UEPB, onde matou Keininho — atual namorado da ex-esposa — e feriu uma outra pessoa, Flávio seguiu para a escola onde a ex trabalhava, no bairro Três Irmãs. Os investigadores confirmaram também que alugou um carro especificamente para cometer os crimes.
Ao chegar à escola, conseguiu entrar, mas a ação foi frustrada graças à rápida circulação da notícia do atentado. Funcionários reconheceram o suspeito e alertaram a mulher, que conseguiu se esconder. Ela escapou ilesa.
Durante o trajeto entre a universidade e a escola, Flávio ainda enviou uma mensagem para a ex-mulher dizendo que queria conversar, o que, segundo o delegado, demonstra manipulação emocional e total premeditação. “Ele ainda chegou a enviar a foto do namorado da ex, morto, pelo WhatsApp para ela” frisou o delegado.
Sem conseguir concluir o segundo alvo, Flávio atentou contra a própria vida. No estacionamento do IPC, na Alça Sudoeste, ele efetuou um tiro contra a própria cabeça.
O empresário foi socorrido com vida, mas morreu nas primeiras horas da última sexta-feira no Hospital de Trauma de Campina Grande.
“Tudo foi milimetricamente planejado. Ele treinava, se preparou e alugou o carro para essa finalidade. Temos provas materiais e digitais que comprovam a premeditação”, afirmou o delegado Ramirez São Pedro.
O caso segue sendo investigado pela DHPP, que agora foca na reconstrução detalhada dos últimos passos do autor e das falhas que permitiram a concretização do crime.