O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (24) e marcou a sua quarta semana consecutiva de ganhos, depois que temores de que juros mais altos nas principais economias levem a uma recessão abalaram o sentimento global, cenário que é agravado por receios políticos e fiscais domésticos.
A moeda norte-americana subiu 0,45%, vendida a R$ 5,2528. Na máxima, chegou a R$ 5,2754. Trata-se do maior patamar de fechamento desde 8 de fevereiro deste ano (R$ 5,2601).
Com o resultado desta sexta, o dólar subiu 2,13% na semana e passou a acumular alta de 10,55% no mês. No ano, ainda tem desvalorização de 5,78% frente ao real.
Lá fora, os mercados seguiram pressionados pelas preocupações crescentes de que políticas monetárias mais rígidas e a inflação crescente aumentam as chances de uma recessão global.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, chamou a atenção para um cenário global que tem se mostrado adverso para ativos de risco, como ações e divisas de países emergentes, nas últimas semanas.
O pessimismo cresceu desde que o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, endureceu sua postura de política monetária e subiu os juros norte-americanos no maior ritmo desde 1994 neste mês, sinalizando mais por vir. Taxas de empréstimo altas tendem a restringir a atividade econômica, efeito que, no contexto atual, poderia ser exacerbado por desafios como a guerra na Ucrânia e sinais de desaceleração na China.
Na agenda doméstica, o IBGE divulgou a prévia da inflação de junho, que ficou em 0,69%, acima da taxa de 0,59% registrada em maio. No ano, acumula alta de 5,65% e, em 12 meses, de 12,04%.
A FGV mostrou que a confiança do consumidor avançou 3,5 pontos em junho, para 79 pontos. Apesar da melhora, o termômetro ainda segue abaixo do patamar de 1 ano atrás.
Investidores têm mostrado forte preocupação com a discussão de medidas do governo para compensar a alta dos preços dos combustíveis, que, por arriscarem levar a uma redução de receitas tributárias ou até mesmo a aumento de gastos num ano de aperto nas contas públicas, poderiam agravar a credibilidade fiscal do Brasil.
Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro sancionou, com vetos, o projeto que limita o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre itens como diesel, gasolina, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. Outras medidas atualmente sendo discutidas para aliviar os efeitos da inflação são elevação do Auxílio Brasil, aumento no valor do vale-gás a famílias e criação de uma espécie de voucher para caminhoneiros.