Trabalhadores do Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST) ocuparam por volta das 09h desta segunda-feira (09) a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no Bairro dos Estados, em João Pessoa. O movimento faz parte da Jornada de Luta das mulheres Sem Terra.
De acordo com o Movimento Sem Terra, 800 mulheres do MST e CPT são esperadas, vão ocupar o Incra, “o propósito da ação é apresentar a pauta de reivindicações e denunciar o desmonte da Política da Reforma Agrária pelo governo facista de Bolsonaro”, diz a convocação.
Em João Pessoa, a assessoria do órgão afirmou que até o momento do contato com a reportagem do Portal Paraíba.com.br, não havia sido entregue nenhuma carta de reivindicações.
O superintendente do órgão, Kleyber Nóbrega acionou a Polícia Federal para fazer desocupação do prédio. Ele alegou que não se opôs a receber as lideranças para falar sobre a ocupação de hoje, mas como os manifestantes não deixaram os servidores entrarem, o superintendente tomou essa decisão.
A manifestação acontece não apenas na Paraíba, mas também em outros estados.
Jornada Nacional
Na manhã desta segunda-feira (9), as mulheres sem terra ocuparam o Ministério da Agricultura em Brasília. A mobilização conta com a participação de 3500 trabalhadoras Sem Terra de 24 estados e integra a Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra.
Durante a ação, as trabalhadoras denunciam a realização de uma distribuição de titularidades individuais dos lotes de terra para os assentados de reforma agrária, a chamada titularização das terras, que visa a privatização das áreas; os cortes nos investimentos públicos; e a liberação desenfreada de agrotóxicos pelo governo Bolsonaro.
Sobre distribuição de titularidades individuais dos lotes de terra para os assentados, de maneira prática, a ação regulariza a venda de lotes da Reforma Agrária e passa ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a responsabilidade sobre áreas coletivas dos assentamentos, onde estão escolas e centros de formação organizados pelo MST. “Nós sempre defendemos o Contrato de Concessão de Uso (CCU), porque restringe a mercantilização das terras conquistadas, e terra para nós é um bem comum da natureza, e portanto, não pode ser mercadoria”, explica Maria da Silva Trindade, militante do MST.
Apesar dos esforços do atual governo para ocultar o fracasso na economia, os brasileiros sentem na pele a queda dos investimentos públicos, que chegaram a ultrapassar R$ 66 bilhões entre 2012 e 2014 e agora, em 2020, tem previsões de ser abaixo de R$ 20 bilhões. Nesse contexto, o desemprego multiplica o número de pessoas desalentadas, sem teto e sem alimentos, tanto que o Brasil retornou ao Mapa da Fome, levantamento feito pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
“O cenário que já deu errado lá fora, encontra por aqui as mesmas justificativas fantasiosas. É uma mentira essa ideia de que se o governo gastar menos, o mercado terá mais confiança e tudo vai melhorar como um passe de mágica”, critica militante do MST.
Para ela as garras da direita bolsonarista e miliciana é expressão do projeto ultraliberal, que quer acabar com todos os direitos da classe trabalhadora.
A liberação de agrotóxicos no país, segundo o Ministério da Agricultura, foram liberados 474 agrotóxicos em 2019. A maior liberação dos últimos 15 anos.
Além disso, as políticas de reforma agrária foram esfaceladas por medidas como o decreto nº 10.252 que enxuga a estrutura do nstituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O decreto extingue o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), o programa Terra Sol e outros programas que davam incentivos aos assentados, quilombolas e comunidades extrativistas. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) vai na mesma direção. No ano passado, o valor executado pelo PAA com recursos do Ministério da Cidadania foi de R$ 188 milhões. Para o período que se inicia a previsão é de R$ 101 milhões.
Além disso, o governo Bolsonaro está determinado a privatizar as terras e promover a devastação ambiental. Um exemplo é a MP 901/19 que, na prática, irá excluir da proteção ambiental de 4.745 hectares da flora nos estados do Amapá e Roraima e abrir estas áreas para a mineração. Já a chamada MP da Grilagem (MP 910/19) flexibiliza as regras de regularização fundiária, repassando áreas da União até 2.500 hectares ao valor irrisório de 10% sobre a terra nua à invasores ilegais, que se valeram do crime de grilagem para se abonar destas terras.
Com Paraíba.com.br