A quarentena fez cair o número de registros de violência contra a mulher nas delegacias de João Pessoa, de acordo com a delegada Maísa Félix. Para ela, isso não significa, porém, que a violência tenha diminuído, apenas que as mulheres estão procurando menos as delegacias para registrar queixas.
”A gente sabe que há uma notificação, mas períodos que não são de pandemia”, afirmou. A delegada acredita que logo no início do isolamento social as mulheres tinham dificuldade de se deslocar até uma delegacia para prestar queixa. Alguns tipos de boletins de ocorrência, no entanto, podem ser feitos na delegacia online, que começou a ser mais procurada. Em março, quando começou o isolamento social, foram 24 boletins de ocorrência online, número que subiu para 158 em junho e 151 em julho.
De acordo com a delegada, uma das maiores provas da subnotificação é que a maior parte das vítimas de feminicídio não tem passagem pela delegacia da mulher, ou seja, são mulheres que não chegaram a denunciar nenhuma violência antes de serem mortas.
”Por isso que pedimos a familiares, amigos, vizinhos, que saibam de alguma mulher que está convivendo com seu agressor, que escutem alguma coisa, que liguem para o 180 para denunciar”, disse Maísa Félix.
A delegada ressaltou que a denúncia pode ser feita de forma anônima. ”A gente precisa dos nomes da mulher e do agressor, um breve histórico do que acontece e, principalmente, o endereço”, explicou.
Boletins de ocorrência
Março 24
Abril 92
Maio 135
Junho 158
Julho 151
Medidas protetivas
Abril 22
Maio 99
Junho 137
Julho 117
