SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) — O homem acusado de matar o ex-governador do Espírito Santo Gerson Camata, 77, foi condenado nesta quarta-feira (4) a 28 anos de reclusão pelo juiz Marcos Pereira Sanches, titular da 1ª Vara Criminal de Vitória (ES). A pena foi estabelecida após júri popular considerar o réu culpado.
Em dezembro de 2018, Marcos Venício Moreira Andrade, 68, ex-assessor de Camata, atirou no pescoço do ex-governador na Praia do Canto, em Vitória, após uma rápida discussão. Ele confessou o crime. Camata morreu no local.
Andrade foi assessor de Camata durante 20 anos e era alvo de uma ação judicial movida pelo ex-governador, após fazer uma denúncia que não conseguiu comprovar contra o antigo chefe. Em depoimento, ele afirmou que foi tirar satisfações do ex-governador ao encontrá-lo. Após uma discussão, o ex-assessor sacou uma arma e disparou.
Segundo a sentença, o crime foi praticado com frieza e o ex-assessor já havia ameaçado matar Camata anteriormente. O juiz destacou que Andrade foi amigo íntimo do ex-governador e era um homem de confiança da família antes dos desentendimentos. Além disso, o fato de a vítima ter mais de 60 anos foi considerado um agravante.
Para o juiz, o ex-assessor tinha “a prévia e deliberada intenção de cometer a infração, não se tratando, portanto, de uma decisão irrefletida, merecendo, certamente, maior censura, tanto mais quando se verifica que o acusado efetuou disparo de arma de fogo em via pública desta cidade, em plena luz do dia, nas proximidades de estabelecimentos empresariais e mesmo na presença de outras pessoas”.
O julgamento foi realizado durante dois dias. Além da pena de 28 anos de reclusão, Andrade foi condenado a pagar R$ 200 mil por danos morais à família da vítima. A defesa informou que vai recorrer por considerar a pena alta demais.
“Arma não é instrumento de defesa de ninguém”, disse a ex-deputada federal Rita Camata, viúva do ex-governador. “Muita saudade e muito desejo de que possamos viver mais em paz, em harmonia. E que o ser humano seja menos vulnerável e a vida menos banalizada do que ela é hoje”, completou.
O crime aconteceu quase 20 anos após Camata ter proposto, em 1999, mudança na legislação para desarmar civis em todo o país. Na época, como senador, ele apresentou o projeto de lei 292/99, que deu origem mais tarde ao Estatuto do Desarmamento.
Gerson Camata foi governador do Espírito Santo entre 1983 e 1986 pelo PMDB.
Também exerceu três mandatos consecutivos no Senado, entre 1987 e 2011.
Formado em economia, Camata ganhou projeção como jornalista. Foi apresentador da rádio Cidade de Vitória, onde comandava o programa Ronda da Cidade.
Começou a carreira política em 1967 como vereador em Vitória. Em 1971, assumiu uma cadeira de deputado estadual. Entre 1975 e 1983 foi deputado federal.
Na sua gestão frente ao governo do Espírito Santo ficou marcada pela construção de rodovias em cidades do interior do estado, o que lhe rendeu a alcunha de “governador das estradas”.
Com Click PB