A comunidade científica internacional segue se debruçando para entender e avaliar os efeitos a longo prazo que o Covid-19 deixará para a humanidade. Ainda há muitas perguntas sem respostas, mas alguns estudos já estão indicando caminhos que chamam a atenção para o que pode vir por aí.
Depois de superar o vírus, pessoas que tiveram a Covid-19 poderão carregar para o futuro uma série de transtornos psicológicos, alertam os cientistas. Estudos diversos já estão mostrando o quanto a saúde mental tem ganhado a atenção deles, ainda mais neste mês em que esse assunto ganha mais relevância devido a campanha Setembro Amarelo.
De acordo com o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu, as pesquisas mais recentes acenderam um sinal de alerta para a saúde mental daqueles que tiveram a Covid-19. “Não é segredo para ninguém que este não é um período fácil. Além dos danos pulmonares e no sistema nervoso central, o que tem se visto é que o vírus também afeta o sistema vascular da pessoa. Como a região do cérebro é repleta de vasos, isso vai de encontro ao aumento de danos psicológicos nestas pessoas”.
Fabiano lembra que estas pessoas relataram sintomas como alterações mentais, “como dificuldade para se concentrarem e perda da memória recente, e isso pode interferir nas suas relações sociais pessoais e profissionais, o que é uma porta aberta para enfermidades como angústia, ansiedade, agressividade ou até casos graves de depressão”.
Recentemente, uma publicação feita na revista Lancet Psychiatry trouxe um estudo feito com a participação de 230 mil pacientes, sendo a maioria norte-americanos, e os resultados chamaram a atenção dos pesquisadores: Um em cada três sobreviventes da Covid-19 foi diagnosticado com algum distúrbio cerebral ou psiquiátrico em até seis meses após a internação pela doença.
Para piorar, a pesquisa revelou que aqueles que já possuíam um transtorno mental antes de se contaminar com o vírus podem ter seu quadro agravado ou até serem vítimas de outra enfermidade nesta área. Segundo o neurocientista, “ainda que não saiba todos os efeitos da doença a longo prazo, as alterações neurológicas estão cada vez mais confirmadas como efeitos do vírus SARS-CoV-2. O ideal é que, além dos sintomas físicos, os pacientes tenham um suporte mental para saber se suas cognições também foram afetadas. E se assim for, iniciar um tratamento imediato”, completou
Pessoas muito inteligentes podem ser vistos como uma ameaça
Quando se fala em inteligência, muita gente entende que a pessoa mais inteligente é aquela que tem um conhecimento maior sobre um determinado assunto. No entanto, do ponto de vista científico, o conceito vai muito além disso. É preciso compreender que o indivíduo nesta situação é uma pessoa que nutre diversas capacidades, por exemplo: lógica, abstração, memorização, compreensão, autoconhecimento, comunicação, facilidade de aprendizagem, controle emocional, planejamento e resolução de problemas.
Ao ter domínio sobre estes assuntos, a pessoa mais inteligente assume uma posição diferenciada na sociedade, que pode ser vista como uma espécie de ameaça por parte daqueles que não compreendem o seu potencial. Nesse sentido, o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu teve recentemente um estudo sobre ‘Pessoas muito inteligentes são uma ameaça’ aprovado pelo comitê e publicado na revista científica South Florida Journal of Development.
Mas o que é inteligência? Fabiano explica que o termo surgiu do latim intelligentĭa. “A origem etimológica é referente a quem sabe escolher, permitir, o que possibilita ao indivíduo escolher melhores opções na hora de solucionar alguma questão. Seu conceito foi estudado pela primeira vez com o psicólogo inglês chamado Charles Spearmen, no início do século XX”. Além disso, a psicologia acredita em dois tipos de inteligência: cristalizada e fluída. “A primeira está associada ao conhecimento e experiência anteriores e reflete a cognição verbal. A segunda requer raciocínio adaptativo em quaisquer situações”, acrescenta.
O neurocientista destaca que é preciso entender que a maioria dos indivíduos inteligentes são persuasivos. “Isso significa que possuem o poder de convencer outras pessoas de que o seu ponto de vista está correto. Ser persuasivo é diferente de ser manipulador, pois o primeiro apresenta fatos verídicos”.
É importante lembrar que o indivíduo persuasivo possui facilidade devido a sua inteligência, observa Abreu: “Ele consegue se comunicar de maneira mais adequada, como possui conhecimentos variados, é capaz de encontrar argumentos em diversas situações. Suas principais características: otimismo, por ter ciência do próprio conhecimento, trazendo conforto e segurança aos demais. Autoconfiança, atuam com mais confiança, possuem vantagem nos mais competentes. Autenticidade, pois essas as pessoas não confiam em indivíduos forçados, e assim conseguem criar uma conexão emocional. São conscientes, por isso é mais fácil que o indivíduo confie em você e seja mais fácil convencê-lo. Apreciam o silêncio, pois segundo pesquisadores comportamentais, indivíduos que falam muito geralmente perdem”.
Por terem conhecimento nas mais diversas áreas, consequentemente conseguirão argumentar melhor com outro indivíduo. “Enquanto o outro perde uma disputa, ocorre um momento de decepção consigo mesmo, que na maioria das vezes é levado a um processo de raiva e é descontado em outra pessoa. Isso confirma que o perdedor pode acabar sentindo que seu oponente é uma ameaça, levando-o a achar que o indivíduo é arrogante e prepotente”, define o neurocientista.
QI define inteligência e influencia nas demais inteligências, aponta especialista
A inteligência pode ser definida como o conjunto das características intelectuais de um indivíduo. Isso envolve, portanto, as habilidades de reconhecer, compreender, raciocinar, conhecer, pensar e interpretar.
Segundo Fabiano de Abreu, PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo, que tem mais de 10 artigos científicos publicados sobre QI, a inteligência tem grande participação genética, já que vem como priori, ou gatilho. “Um percentual de genes que produzem proteínas funcionais está implicada em várias funções neuronais, incluindo a função simpática e a neuroplasticidade, bem como as interações celulares e o metabolismo energético”, explica.
O especialista aponta que estudos de neuroimagem funcional e estrutural mostram que a inteligência geral não pode ser atribuída a uma região específica do cérebro. “A inteligência inclui uma rede de regiões como o córtex pré-frontal dorsolateral, o lobo parietal e o córtex cingulado anterior, além de múltiplas regiões dentro dos lobos temporal e occipital e os principais tratos da substância branca”, ressalta.
Abreu explica, ainda, que as áreas frontais e parietais do cérebro têm relação com a inteligência fluída, que consiste na capacidade de pensar e de raciocinar de forma abstrata e de resolver problemas.
Por outro lado, segundo o neurocientista, os lobos temporais estão relacionados com a inteligência cristalizada, que envolve o conhecimento que vem de uma aprendizagem anterior e de experiências passadas.
“A região do lado esquerdo do córtex pré-frontal, relacionada à capacidade lógica, independente do conhecimento adquirido, que tem relação com os testes de QI, é precursora para o desenvolvimento cognitivo geral e a inteligência é o resultado, também, da integridade na participação de neurônios, sinapses e sua composição genética”, aponta.
O especialista explica que os neurônios de indivíduos com QI mais alto são capazes de traduzir a entrada e a saída no potencial de ação entre neurônios com maior eficácia e alcançam maior resolução de integração sináptica nas células piramidais do que indivíduos com QI mais baixo.
“Hoje temos melhores resultados e descobertas de como funciona a inteligência usando neuroimagens, estudos genéticos de GWAS, neurociência celular em tecido cerebral humano ressecado, entre outros, que revelam como funciona a inteligência humana, usando como referência indivíduos com avaliação em testes de QI. Fazendo uma analogia: o genótipo para inteligência é a região do raciocínio lógico, enquanto o fenótipo para a inteligência é a cognição”, finaliza o neurocientista.
Este conteúdo é parte do estudo denominado ‘Inteligência Geral’ deste cientista, que está para se transformar em artigo científico, Fabiano de Abreu que também é membro das associações brasileira e portuguesa de neurociências, Federação Européia de Neurociências e membro da Mensa, associação de pessoas mais inteligentes do mundo com sede na Inglaterra. O estudo comprova que a região da lógica e tomada de decisões no cérebro orquestra todas as demais inteligências e que o teste de QI é determinante para avaliação de inteligência.
Dia Mundial do Alzheimer: Neurocientista português com artigos e tese sobre a doença detalha fatores importantes para se precaver da enfermidade
No Dia mundial de conscientização sobre a doença do Alzheimer, é preciso entender um pouco mais sobre os efeitos desta enfermidade que atualmente afeta a vida de 35,6 milhões de pessoas em todo o planeta, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Destes, 1,2 milhão estão no Brasil.
Porém, a sociedade de maneira geral ainda não conhece a dimensão da gravidade dessa doença nem as suas particularidades. Nesse sentido, o PhD, neurocientista, psicanalista e biólogo Fabiano de Abreu Rodrigues tem desenvolvido uma série de pesquisas sobre o assunto com uma nova perspectiva: “Meus principais estudos são sobre a inteligência, pois ela define o comportamento e uma melhor qualidade de vida. Mas quando falamos dela na ciência, não podemos deixar de analisar a demência onde os sintomas causam declínio progressivo na capacidade intelectual, raciocínio, competências, memória, entre outros. Cerca de 50% a 70% dos casos desse são da doença de Alzheimer e esses dados me chamaram a atenção para me aprofundar na enfermidade em busca de melhores prevenções”.
Fabiano lembra que há genótipos e fenótipos para a doença, além de fatores como os hábitos de uma pessoa podem ser determinantes para o seu desenvolvimento. “Eu sou a favor de que as pessoas possam ter melhores possibilidades de testes genéticos para saber a probabilidade de ter a doença e poder preveni-la desde cedo. Os hábitos desta cultura tecnológica e o tipo de nutrição que estamos adaptados atualmente são cruciais para aumentarem as chances de apresentar a doença”, reforça.
Por outro lado, Abreu observa que ainda não há cura para esta doença, mesmo sabendo o comportamento dos neurônios e as regiões cerebrais afetadas. “Um dos comportamentos para evitar a doença é a neuroplasticidade cerebral. Menos rede social e mais leitura de livros, exercícios de lógica, assim como hábitos diferentes da rotina em que seu cérebro já está adaptado. A nutrição como uma dieta do mediterrâneo por exemplo, exercícios físicos sem exagero, pois exercício em demasia não é bom. Hábitos do passado com um maior cuidado para os alimentos do presente. Menos estresse, evitar consumo excessivo de álcool, evitar uso de substâncias psicoativas, evitar cigarro, maconha, remédios como ansiolíticos sem real necessidade. Buscar uma vida saudável e ginástica cerebral é a melhor maneira de prevenir a doença de Alzheimer”, acrescenta.
Fabiano de Abreu Rodrigues vem estudando a doença de Alzheimer desde a pós-graduação em neuropsicologia na Cognos em Portugal, na especialização avançada em nutrição clínica também no país europeu foi tema do TCC para conclusão do curso de nutrição para doentes de Alzheimer. Ele também possui um artigo científico publicado na Logos University International (UniLogos), nos Estados Unidos, sobre a proteína Tau na doença, junto com o Dr. Henry Oh, Chefe do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Idaho e foi tema da sua tese para a conclusão do doutorado em neurociência na mesma universidade com o tema “O processo de nutrição de pacientes com Alzheimer: Identificação de fatores de risco, prevenção e acompanhamento para a reabilitação cognitiva”.