Jéssica foi internada na maternidade Frei Damião um dia após esta foto, no dia 19 de outubro de 2020. Ela deu à luz a Bryan, mas os médicos informaram que eles não chegaram a se conhecer. — Foto: Arquivo pessoal

“Ela sempre fez o pré natal bem direitinho”, relembra Jucinara Fernandes, irmã de Jéssica Fernandes, que está entre as 54 mortes maternas registradas na Paraíba em 2020. Ela era nutricionista e estava grávida de 8 meses quando foi diagnosticada com Covid-19. Jéssica deu entrada na maternidade Frei Damião no dia 19 de outubro, deu à luz a Bryan já no dia seguinte e, após 19 dias internada, faleceu devido às complicações da doença.

Jucinara, sua irmã, adotou o bebê Bryan, que hoje está com 1 ano e sete meses: “Já me perguntaram um milhão de vezes, ‘você não tem medo dele achar que foi por causa dele que ela morreu?’, mas não vou deixar nenhuma dúvida, não foi por causa dele”, diz Jucinara.

Grávidas e puérperas foram incluídas pelo Ministério da Saúde como grupo de risco da Covid-19. A pandemia fez com que a Paraíba saltasse de 36 mortes maternas em 2019, para 54 em 2020 e 72 em 2021. Jéssica não possuía comorbidades e sempre realizou todos os exames relacionados a sua gravidez que foram solicitados pela médica.

“Antes da Covid ela era normal de saúde, não tinha hipertensão, não sentia nada. Um dia ela sentiu dor e febre, foi pro médico e descobriu esse problema. Primeiro ela fez dois testes e deu negativo, mas no terceiro deu positivo. Ela mal saia de casa, quando saia era de máscara. Ela era fisioterapeuta, sabia todos os riscos que corria”, diz Jucinara.

“Como ela sabia, ela evitava. Não tinha contato com muita gente. O esposo dela era farmacêutico, só que ele tinha todo o cuidado quando chegava em casa. Se você me perguntar onde ela pegou ou como foi, não sabemos dizer. Ninguém testou positivo, só ela.”

Jucinara perguntou aos médicos se Jéssica chegou a conhecer seu filho Bryan, mas foi informada que eles foram separados sem se verem. “Ela não viu ele, ele não viu ela. Ela passou 19 dias em coma induzido entubada e não teve retorno, infelizmente”, diz Jucinara. Depois disso, sua vida mudou completamente: “foi do zero a 100”.

“Eu disse: não vou deixar o bebê dela com ninguém mais. Falei com o esposo dela, pedindo pra trazer Bryan pra cá. Como já tem um berço, ele fica. Ele perguntou: e seu trabalho? Eu respondi que não trabalho mais, meu trabalho agora é cuidar de Bryan”, diz Jucinara, que se emociona ao falar da irmã: “não sei se um dia vou superar” .

Jéssica ao lado de suas três irmãs. — Foto: Arquivo pessoal

“Bryan é minha vida. Ele é um pedaço de mim, não saiu de mim, mas ele é tudo pra mim. É um filho que eu adotei. Nunca pensei em amar tanto uma pessoa que não saiu de mim tanto quanto amo ele.”

Jucinara faz questão de falar de Jéssica para Bryan. “Eu faço questão de dizer que a mãe dele é Jéssica. Mamãe Gel, como eu digo. Mostro foto, a gente vai ver a estrelinha e a que mais brilha é a mãe dele, olhando pra ele. Sempre faço questão de mostrar vídeo para ele ouvir a voz dela, ele reconhece. É um dia de cada vez”, diz Jucinara.

Hoje Bryan tem um ano e sete meses. — Foto: Arquivo pessoal

Com g1 Paraíba

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