Eu sei… de cara a gente se assusta quando o dedo é apontado pra gente. Mas a segurança nas escolas está em pauta nos jornais, nas redes sociais, nas conversas informais e só há uma certeza: não sabemos onde estão as pessoas que podem realizar novos ataques ou atentados. Diante desta avalanche de informações que recebemos, o medo e a insegurança rodeiam os pensamentos de pais, professores e toda comunidade escolar. Uma resposta coletiva deve partir das autoridades públicas, responsáveis por gerir o tecido social organizado, mas é importante lembrar que cada um de nós é célula viva deste tecido e podemos ser vítimas e algozes.

 Antes de pensar em “meu filho (minha filha) JAMAIS seria capaz”, te convido a refletirmos juntos: a gente sabe, de verdade, quais são as preferências, desejos, intimidades de nossos filhos e filhas? Não falo sobre saber quem não gosta de legumes ou quem gosta de roupas da moda. Não é sobre saber quem são os amigos da escola ou os jogos que gosta de jogar. É saber dos sentimentos, saber dos acessos na internet, saber sobre aceitação, bullying, limites, direitos e deveres.

 O perfil das pessoas que realizam ataques são diversos. Não há um padrão estético, um padrão físico – inclusive, destaco aqui que qualquer teoria que venha basear-se na aparência física de pessoas para dizer se são ou não possíveis criminosos, é puramente eugenista – , mas há detalhes que permeiam a vida de todos nós, sobre comportamentos, ausências, excessos e faltas.

Segundo uma pesquisa desenvolvida na USP, mas com a participação de pesquisadores de todo país, muitos dos casos ocorridos no Brasil devem ser classificados como extremismo de direita, pois envolvem cooptação de adolescentes por grupos neonazistas que se apoiam na ideia de supremacia branca e masculina e os estimulam a realizar os ataques. Esses grupos disseminam um discurso que valoriza o preconceito, a discriminação, o uso de força e que encoraja direta e indiretamente atos agressivos e violentos. Para os pesquisadores, medidas de prevenção só serão eficazes se atuarem sobre esse cenário.  (Fonte: Agência Brasil)

Outros casos acontecem partindo de pessoas que sofreram abusos, bullying, racismo, ou outras violências e, sem um devido amparo e acolhimento mais a falta de maturidade, crescem com pensamentos distorcidos sobre uma falsa justiça social.

 Por isso insisto: a hora agora é de conversar, investigar, reconhecer que qualquer um de nós pode falhar na educação de crianças e adolescentes.  Podemos não ter criminosos em casa, mas podemos ter pessoas inseguras, pessoas imersas em realidades paralelas através da vida virtual,  pessoas ansiosas ou também um outro lado: podemos ter em casa as pessoas que verdadeiramente vão mudar o mundo, socialmente responsáveis e humanamente mais evoluídos, capazes de promover a igualdade e a justiça.

Mas é isso: se você é responsável por uma criança ou adolescente, confira os acessos na internet, confira os desenhos, coisas escritas… olhe a mochila.

Com Paraíba Feminina

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