deputado Hugo Motta. foto: reprodução.

O deputado Hugo Motta se viu cavando uma cova nesta quinta-feira, 9. E nela cabia sua perspectiva de disputar um mandato majoritário em 2026. Foi quando o Brasil descobriu que ele é o autor de uma lei que dá aos bancos ainda mais poderes sobre as contas dos endividados brasileiros, desrespeitando a blindagem até do sagrado FGTS. A repercussão negativa do projeto que, em poucas horas, estava sendo chamado de “Enforca Brasil” em contraponto a programa do Governo Federal que ajudou a parcelar dívidas, fez o deputado anunciar a retirada da matéria da pauta. E o pé da cova.

Considerado um dos políticos da nova geração mais promissores da Paraíba, devido a sua indiscutível capacidade de articular e carisma pessoal, com ascensão meteórica em Brasília, Hugo Motta ainda não conquistou status de figura popular no Estado. Quem o conhece são as pessoas que acompanham ou estão diretamente mais ligadas à política. Ainda é uma figura dentro da bolha. Com potencial, mas dentro da bolha.  Especialmente em se tratando de João Pessoa. Nada, no entanto, que uma imersão não resolvesse em pouco tempo.

Mas o PLP 40 acelerou este processo e deu ao jovem os 15 minutos de má fama da qual ele não precisava. Seu nome rapidamente circulou entre pessoas que nunca tinham visto falar no deputado, mas que passaram a temer que ele fosse o “novo Collor” defendendo o famigerado confisco da poupança no início da década de 1990. Algo que levou, à época,  muita gente ao suicídio, inclusive.

Exagero ou não na divulgação da matéria, conforme o próprio deputado mencionou ao tentar explicar a lei, o fato é que Hugo, em menos de 24 horas, foi às redes sociais para dizer que iria retirar o projeto de tramitação. Falou em fake news, incompreensão da imprensa. Mas não sustentou a matéria. Tivesse a imprensa realmente errada não seria o caso de manter a proposta e procurar explicá-la?

O fato é que a lei é um golpe sim num país de endividados. E mais: é um golpe nos pequenos. FGTS é a poupança dos menos abastados. Algo tratado como sonho de consumo por alguns. Permitir que, mesmo em contratos, os bancos possam botar a mão de forma tão rápida e sumária em saldos é o mesmo que dissolver um casamento sem o consentimento do marido nem da mulher.

Além do mais, vai na contramão do que se tem feito de esforço no Brasil, seja por prefeituras ou governos, para, oferecendo facilidades de parcelamento e anulação de multas e juros, estimular o devedor a quitar suas dívidas. Que, no Brasil, não são poucas, visto que nove entre cada dez brasileiros tem algum tipo ( ou todos os tipos) delas.

Para piorar a situação, o alerta veio inicialmente de uma das figuras mais respeitadas em matéria financeira do Brasil, o deputado Mauro Benevides, que foi por quase duas décadas secretário de Finanças do Ceará.

Hugo Motta, no fundo, sabe que não houve exagero no ataque à lei. Por isso retirou. Ser considerado queridinho dos banqueiros é um desastre do ponto de vista popular de quem almeja conquistar conceito. Assinar por eles pior ainda.

Por isso retirou. Quer salvar sim suas perspectivas futuras de ascender na política da Paraíba. Sabe que sustentar isso é dar início a um roteiro de suicídio político.

O que seria uma pena para alguém que tem um futuro tão promissor. Tem?

Por Luis Tôrres.

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