
Por: Beatriz Virgínia
Um abrigo de indígenas venezuelanos da etnia warao, localizado no Centro de João Pessoa, enfrenta suspeita de surto de leptospirose em meio a condições sanitárias precárias e superlotação. Segundo a Secretaria de Saúde do município, cinco casos da doença já foram confirmados entre os moradores, enquanto outros seguem em investigação. A situação foi denunciada pelos próprios abrigados, que relataram aumento de doenças infecciosas no local.
A suspeita de surto ganhou força após o diagnóstico de leptospirose em duas irmãs venezuelanas, que foram internadas com sintomas graves. Em uma ação conjunta realizada no abrigo em 16 de abril, equipes da Secretaria de Saúde realizaram 55 avaliações clínicas, 17 atendimentos médicos e 10 coletas laboratoriais. Até agora, além dos cinco casos de leptospirose, três de dengue também foram confirmados.
Representantes do abrigo, como o líder comunitário Ramón Gomez, afirmam que outras pessoas – incluindo adolescentes e uma criança – também foram internadas por causa das más condições sanitárias. A superlotação é apontada como um agravante: o espaço, projetado para 50 pessoas, atualmente acolhe quase o dobro. Segundo o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), responsável pelo local, o excesso de moradores compromete ainda mais a estrutura do abrigo.
Moradores denunciam problemas como falhas na fossa e convivência com esgoto a céu aberto, e temem novos surtos de doenças. Uma denúncia formal sobre a situação foi protocolada no Ministério Público Federal (MPF) nesta quinta-feira (24).