O pesquisador do Laboratório de Microengenharia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Cleonilson Protásio, nos seus recentes estudos de pós-doutoramento na University of Washington Tacoma, nos Estados Unidos, criou uma árvore inteligente capaz de detectar incêndios florestais, por meio da medição de temperatura e da concentração do monóxido de carbono (CO). No Brasil, já foram identificados mais de 25 mil focos de queimadas neste ano, segundo o Portal do Monitoramento de Queimadas e Incêndios.
“A Smart Tree consiste no desenvolvimento de um nó sensor alimentado pelo tronco de árvores, por meio de energia térmica, e sem uso de baterias, ou seja, ambientalmente seguro, a fim de monitorar variáveis físicas florestais, com o intuito de prever incêndios florestais, comuns nos Estados Unidos e no Brasil”, explica Protásio.
No artigo “On Harvesting Energy from Tree Trunks for Environmental Monitoring”, publicado no jornal científico “International Journal of Distributed Sensor Networks” há pouco, a equipe coordenada pelo professor revela que também já é possível converter o gradiente térmico (diferença de temperatura interna e externa) do tronco de árvores em energia elétrica e, assim, poder alimentar os circuitos eletrônicos da Smart Tree.
Protásio conta que esta linha de pesquisa é denominada de Colheita de Energia e o Centro de Energia Alternativas e Renováveis (CEAR) da UFPB, do qual o laboratório faz parte, tem grande atuação nela. “Já foram desenvolvidos alguns sensores para medição do gradiente térmico de algumas árvores. É possível gerar energia elétrica até no período noturno, diferente do que ocorre com o uso de células solares”.
Também já foi construída uma rede de comunicação entre uma árvore e um laboratório, pela qual é possível observar, em tempo real, as temperaturas medição. Com o avanço das pesquisas, espera-se, agora, a implantação de um número de árvores inteligentes para formar uma rede, na qual cada uma delas possa capturar e transmitir, sem fio, os dados medidos através de outras árvores.
O projeto da Smart Tree surgiu a partir da criação, pelo pesquisador, do conceito de Internet das Coisas Naturais (IoNT – Internet of Natural Things), em que “coisas naturais” poderiam se conectar à internet.